Gil Vicente? Samicas...
Fica aqui também lançado o desafio para que todos os interessados da turma possam sensibilizar os respectivos Encarregados de educação e, quem sabe, a turma possa aparecer em peso nesta última representação. Será noMuseu dos transportes de Coimbra pelas 21.30 do próximo sábado, dia 10.
Magia e feitiçaria estão presentes na obra de Gil Vicente
Foto: Marta Costa
O Museu dos Transportes acolhe a estreia da 35ª produção da companhia O Teatrão, com encenação e direcção artística de António Fonseca.
“Gil Vicente? Samicas…” junta excertos de seis obras do “pai” do teatro português e resulta numa “espécie de viagem a várias coisas do Gil Vicente, numa perspectiva sobretudo cómica, da farsa, do cómico de personagem, do cómico de situação e da questão de mentalidade”, refere António Fonseca.
“A maior parte das peças de Gil Vicente é uma passerelle de tipos, uma espécie de teatro de revista”, adianta. Margarida Sousa, um dos quatro elementos que compõem o elenco, esclarece que “são personagens tipo, cada uma com características muito marcadas.”
“Auto da Barca do Inferno” ocupa o papel nuclear neste espectáculo, porque “em termos de estrutura, é muito típico do teatro de Gil Vicente”, explica o encenador.
Para além disso, “A Barca” é estudado nos programas escolares, razão que coloca o espectáculo essencialmente “focado no público escolar”. Para António Fonseca, o que na escola é apenas uma “abordagem literária e linguística”, ganha “dimensão”, pois é posta em movimento. Todavia, ressalva: “não nos substituímos à função da Escola. Nós fazemos uma abordagem teatral.”
“O título é uma coisa polissémica”
A escolha do título “Gil Vicente? Samicas…” está associada a uma das cenas de “Auto da Barca do Inferno”, na qual ‘samicas’ significa ‘talvez’ ou ‘se calhar’.
Segundo António Fonseca, ” ‘samicas’ é uma palavra muito paradigmática de Gil Vicente. Tem um diálogo do nosso tempo com outro tempo. O título tem vários sentidos.”
Gil Vicente: do papel ao palco
Durante cerca de três semanas, elenco e encenador trabalharam na selecção dos excertos que integram o guião: “Auto da Alma”, “Auto da Barca do Inferno”, “Auto do Purgatório”, “Quem tem farelos”, “Comédia de Rubena” e “Auto das Fadas”.
Ao longo dos cerca de 75 minutos de espectáculo, Cláudia Carvalho, Filipe da Costa, Margarida Sousa e Ricardo Brito desdobra-se em múltiplas personagens. Ricardo Brito considera que desempenhar “uma personagem já é muito complicado”, mas que “fazer quatro, cinco, seis personagens não é proporcional”. Margarida Sousa corrobora o colega e acrescenta: ” acima de tudo temos de estar preocupados com o jogo entre as personagens.”
Com direcção de produção de Isabel Craveiro, “Gil Vicente? Samicas…” vai estar em cena até 10 de Novembro no Museu dos Transportes, em simultâneo ou em alternância com outros projectos da companhia.
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